Dicas
mecanismos Defesa de policulturas contra Pragas
O menor dano causado por pragas em policulturas pode ser devido ao fato de serem menos atrativas para elas porque (Alonso, A., Guzman, G., 2000):
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1. A praga não consegue encontrar a cultura da qual costuma se alimentar. Isso se deve ao fato de que a cultura acompanhante altera as condições físicas (microambiente, padrão de refletância da luz, etc.) ou químicas (difusão da atração, mascaramento de odores, repelência, etc.) que normalmente indicam à praga que a cultura está presente o que reduz a probabilidade de encontrá-lo. Vejamos alguns exemplos.
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A busca do inseto pela planta hospedeira freqüentemente envolve mecanismos olfativos. Plantas atrativas a pragas associadas a plantas não atrativas podem ser um componente importante na defesa contra pragas, devido ao efeito de mascarar os odores da cultura pelas plantas companheiras. Por exemplo:
– Cebola de cenoura.
– Cenoura-alfafa.
– Consórcio de tomate e repolho-repolho que resulta em menor presença e postura de ovos da traça Plutella xylostella no repolho, pois é repelido pelos odores que o tomate exala.
– Este mecanismo parece atuar também no caso dos nematóides fitopatogênicos, quando algumas espécies companheiras, como cravo ou gergelim, estão presentes.
– As ervas aromáticas (alecrim, sálvia, etc.) têm sido indicadas para repelir insetos pragas nos pomares, onde costumam ser implantadas nas bordas das parcelas.
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Outras pragas detectam a cultura por meio de mecanismos visuais que também são afetados pela presença de uma segunda cultura. É o caso dos pulgões (pulgões), que se confundem com a menor intensidade da luz refletida pela cultura crescendo com a cobertura vegetal, em comparação com a monocultura.
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2. Em outros casos, a praga coloniza menos a policultura e, além disso, a taxa de migração da praga para outros locais é muito maior do que quando ela encontra uma parcela de monocultura. Isso parece ser devido ao fato de que a praga tem que investir mais energia para se mover e se alimentar da policultura, por isso não é tão “lucrativa” quanto a monocultura.
Esse mecanismo ocorre, por exemplo, quando a pulga crucífera (Phyllotreta cruciferae) atinge uma policultura de brócolis coberta com ervilhaca. A pulga encontra sérias dificuldades, ao cair sobre uma ervilhaca, para chegar ao topo dela e conseguir pular ou voar em direção a outra planta de brócolis. Isso se deve à grande biomassa produzida pela ervilhaca e sua arquitetura complexa de galhos emaranhados. Por esse motivo, eles saem rapidamente da trama da policultura.
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3. A menor atração ou desenvolvimento da praga na policultura às vezes se deve à diferente “qualidade” da planta hospedeira, que é, portanto, menos valorizada pela praga. Isso pode ocorrer porque na policultura há uma competição por nutrientes entre as culturas envolvidas, o que diminui a extração realizada por cada uma delas.
Um exemplo disso são os pulgões ou pulgões. A fertilidade destes costuma ser proporcional ao teor de nitrogênio solúvel no floema (seiva) da planta, aumentando sua população quanto maior o consumo de nitrogênio por ela. A policultura pode reduzir a absorção de nitrogênio pelas lavouras participantes, evitando o consumo de luxo e limitando o desenvolvimento da população de pulgões. Esta é a razão para o nível mais baixo de pulgões na cultura do fava quando é semeado com cobertura de cevada ou aveia.
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4. Noutras ocasiões, a menor presença de praga nas plantas da cultura principal deve-se ao facto de esta ter preferido localizar-se na cultura companheira, que funciona assim como cultura armadilha.
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Alguns exemplos comprovados dessas culturas armadilha são:
a) Quando o milho é plantado em faixas na lavoura de algodão, ele atrai o gorgulho do algodão, afastando-o dessa cultura.
b) Na policultura judia / tomate, o feijão atua como uma cultura-armadilha contra os ataques do donut (Spodoptera sunia) sobre o tomate, que dificilmente é atacado.
c) A cultura de brócolis misturada com outro hospedeiro crucífero, mostarda selvagem (Brassica kaber) sofreu menos ataques da praga de inseto Phyllotreta cruciferae (pulgas). Isso ocorre porque esses insetos se concentraram mais na mostarda selvagem do que nos brócolis da mistura. Essa preferência é de base química, pois a mostarda silvestre produz em maior quantidade uma substância química que atrai fortemente a pulga.
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5. Hipótese de inimigos naturais.
Ao passar de uma monocultura para uma policultura, aumenta a presença de predadores de pragas e sua eficácia. Isso se deve, entre outras razões, ao fato de que:
a) Nas policulturas, eles encontram outros insetos dos quais podem se alimentar quando a praga não está presente. Dessa forma, eles sobrevivem e, quando o inseto praga aparece, podem controlá-lo.
b) Encontram outras fontes de alimento (pólen e néctar) que, como antes, lhes permitem sobreviver.
c) Eles encontram mais facilmente abrigos para passar o inverno, se reproduzir, etc.
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Policulturas de sucesso no controle de pragas
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